Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) apontam que, no Pará, 2.857 ocorrências de estupro foram registradas, entre janeiro a setembro do ano passado. O índice resulta numa média de dez estupros por dia – isto apenas considerando os casos que são denunciados.

No último sábado (19), em Belém, uma mulher de 24 anos denuncia que foi ameaçada e obrigada a tocar no órgão genital de um motorista de aplicativo, durante uma corrida que terminou em frente a uma casa noturna, na Avenida Governador José Malcher, no bairro de Nazaré.

A vítima registrou a ocorrência na Delegacia Virtual e o caso seguiu para a Seccional Urbana de São Brás. Ela compartilhou a situação nas redes sociais em uma postagem no Instagram e publicou o perfil (foto e nome) do motorista. Na postagem, a vítima marcou os perfis da Uber na rede social e pediu providências.

“Denuncia na @uber e na @uber_br e espero que façam o mínimo porque a minha cabeça nunca mais vai ser a mesma”, escreveu, explicitando o trauma.

Segundo a jovem, que teve o nome preservado, o assédio começou a partir do momento em que ela entrou no carro após ter solicitado a corrida da casa dela até a casa noturna.

“Ele falou que uma mulher como eu não ficaria sozinha numa festa”, relatou. “Vou te fazer um comentário com respeito, te ver assim me deixou de p** duro”, prosseguiu ele, relatou a vítima.

O restante do postagem evidenciam que as ações do motorista ficaram mais audaciosas até ao ponto de ele travar as portas e janelas do veículo.

“Ele disse que eu só iria descer se eu pegasse nele ou chupasse ele”, continuou relatando. “Disse que quando não faziam o que ele queria, ele ficava puto”, acrescentou. “Tive que fazer coisas que me sinto nojenta e suja”, concluiu a jovem.

No boletim de ocorrência, a vítima afirma ter conseguido gravar áudios que comprovam a denuncia e que poderá usar isso, se necessário.

Nos nove primeiros meses de 2021, Belém foi o município paraense com maior número de denuncias registradas. Foram 269 casos. Em seguida vem Ananindeua, com 98 registros e Santarém, com 78 denúncias. Parauapebas e Castanhal completam a lista de cidades com maioria em ocorrências de estrupo com 61 e 59 registros, respectivamente.

O DOL solicitou um posicionamento para a Uber, plataforma pela qual a vítima pediu a corrida e que o motorista trabalha. Na nota, a empresa diz que repudia qualquer ato dessa natureza e que já tomou as providências contra o ex-colaborador.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA:

“A Uber repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater e denunciar casos de assédio e violência. O motorista parceiro teve sua conta desativada da plataforma assim que a empresa tomou conhecimento do episódio. A Uber se coloca à disposição para colaborar com as autoridades no curso das investigações.

A Uber defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Por isso, desde 2018 a empresa mantém o compromisso de participar ativamente do enfrentamento da violência contra a mulher e possui diversos projetos voltados para isso. Mais recentemente, anunciamos, em parceria com o MeToo, um canal de suporte psicológico para apoiar vítimas de violência de gênero na plataforma.

Além disso, a Uber segue investindo constantemente em conteúdos educativos contra o assédio para motoristas e entregadores parceiros. Em conjunto com o Instituto Promundo, foi lançado o Podcast de Respeito e mais recentemente a Uber lançou uma campanha educativa de combate ao assédio também em parceria com o MeToo Brasil.

Segurança é uma prioridade para a Uber e inúmeras ferramentas atuam antes, durante e depois das viagens para torná-las mais tranquilas, como, por exemplo, o compartilhamento de localização, gravação de áudio, detecção de linguagem imprópria no chat, botão de ligar para a polícia, entre outros.”

O DOL Tenta ainda contato com a vítima, que até o momento não atendeu as ligações e nem recebeu as nossas mensagens.

 

 

 

Fonte: Dol

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