Passados o impacto e a comoção causados pelo cruel assassinato do garoto Júlio Henrique de Miranda da Silva, de 5 anos, praticado por um adolescente de 13 anos, com a participação do irmão dele, de 9 e de outro menor de 11, em Marabá, surge uma provável explicação para o desfecho da tragédia, com o relato da mãe da vítima sobre os acontecimentos que antecederam o crime.

Dona Míriam Brito de Miranda, mãe de Júlio Henrique, deu um depoimento ao portal Correio de Carajás, no dia do enterro da criança, na tarde de ontem (18), no cemitério da Vila Capistrano, na zona rural daquele município da Região Carajás, no sudeste paraense, e disse que o menino tinha medo do adolescente acusado, que o perseguia constantemente.

João Henrique sofria um dos oito tipos de bullying conhecidos, o físico, incluindo beliscões, socos, chutes, empurrões e afins. O fato era de conhecimento dos garotos, das famílias da vítima e do infrator e dos moradores da comunidade, onde todos se conhecem.

“Ele ficava ‘brincando’ de pegar meu filho, que dizia: ‘mãe, o (infrator) quer me pegar, mãe’. Meu filho morria de medo dele”, disse a mãe da vítima. Dona Míriam Miranda lembrou que o outro filho dela, de 9 anos, um pouco mais velho do que João Henrique, costumava se desentender com o adolescente por causa desse comportamento dele e saia em defesa do irmão.

Mesmo avisada do comportamento agressivo do filho, a mãe do menor infrator não dava importância, achando que era normal. “Tempos atrás, ele tinha ameaçado eu, meu marido e meu filho. Eu falava as coisas pra mãe dele e ela achava normal, ela nunca gostou que falassem mal do filho dela”, ressaltou ela.

Dona Míriam disse ainda que, como a família não tomava providências para conter o adolescente, o pai de Júlio Henrique o segurou pela camisa e mandou ele parar de mexer com os filhos dele. Agora, ela acha que a criança menor pode ter pagado com a vida pelas brigas entre o irmão mais velho e o infrator.

“Acho que foram acumulando as raivas do meu filho mais velho ficar caçando conversa com ele. Sei que ele foi maltratado na infância, eu conversava bastante com ele. Ele falava que não tinha medo de mim, que não tinha do meu marido. No meu aniversário do ano passado chamei ele, dei carne assada pra ele e refrigerante, sempre ajudei em alguma coisinha pra ele e pra mãe dele”, relatou ela.

O adolescente é o único envolvido no crime que deve cumprir pena socioeducativa em local fechado. O irmão dele o o outro menino foram encaminhados ao Conselho Tutelar.

O crime

O menino Júlio Henrique desapareceu por volta das 14 horas de quarta-feira (16), quando estava próximo de casa brincando com outros garotos. O corpo dele foi encontrado na manhã seguinte, nu, dentro de um pequeno lago. A própria mãe retirou o filho do local e ficou com ele nos braços, chorando desesperadamente.
Ela disse que o filho foi amarrado com o fio de um carregador de celular e estava todo cortado nas costas.

Policiais militares descobriram que o garoto teve as roupas retiradas, foi espancado e jogado no lago, onde morreu afogado, pelo adolescente e mais dois garotos, que confessaram o crime brutal.

 

 

 

 

 

Fonte: ver-o-fato

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