O vereador Edvaldo Rodrigues Cavalcante, que é conhecido como “Cabelo”, de 50 anos, da Câmara Municipal de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará, está sendo acusado de agredir uma mulher durante uma partida de futebol. O caso aconteceu neste sábado (16/7), na frente de várias pessoas. A vítima, identificada como Benta Vieira da Silva, de 31 anos, ficou com vários hematomas pelo copo.

Ela registrou ocorrência na manhã deste domingo (17/7) na 20ª Seccional Urbana de Parauapebas, na mesma região, contra o vereador do Patriota. Ouvida pela reportagem do Native News Carajás, a vítima deu detalhes da agressão que sofreu, que a deixou traumatizada.

Benta Vieira contou que, por volta de 16h49, estava na arquibancada do Estádio Benezão, em Canaã dos Carajás, assistindo o jogo em que marido dela, Antônio Sérgio Vieira de Sousa, que é conhecido como “Vieira”, estava participando, quando viu uma briga entre os jogadores e o árbitro da partida. Ela então pegou o celular e começou a filmar.

“Passado poucos minutos, veio um homem [vereador] que eu nunca tinha visto na vida e disse que eu não tinha o direto de estar gravando, porque ia passar uma imagem ruim do evento. Eu perguntei o que ele era. Nisso, tivemos uma discussão e eu voltei filmar. Ele então veio por trás e me puxou forte, machucando meus seios. Depois puxou meu ombro com violência, que também ficou machucado, e tomou meu celular e arremessou para longe. Só passado um tempo, foi que veio um amigo dele e impediu que ele me agredisse mais ainda”, relata a mulher, mostrando as marcas das agressões.

Benta afirma que quer justiça

Ainda segundo Benta, pouco depois seu marido, que estava jogando e não conseguiu pular o alambrado para socorrê-la na hora da agressão, chegou e conseguiu recuperar o seu celular. Como ela estava muito nervosa e chorando muito, ele a levou para o outro lado do campo. Passado alguns minutos, chegou um rapaz, que se identificou como filho do vereador, e perguntou se o celular tinha quebrado, porque se tivesse, ele iria pagar. “Só que essa violência que eu sofri não vai ficar assim”, garante a mulher.

Ela conta que ao sair do campo, encontrou dois policiais militares e relatou o ocorrido e perguntou onde ficava a Delegacia de Polícia Civil. Os policiais informaram o endereço e ela foi até a DPC, mas chegando lá o prédio estava fechado e tinha uma placa informando que o atendimento era de 8h às 18h e, passado esse horário, era para apertar a campainha.

Apertamos a campainha e também batemos, mas ninguém apareceu. Na volta, vimos uns policiais de moto, demos sinal, mas acho que eles não nos viram. Fomos até o quartel da PM, mas aparentemente estava fechado. Então não consegui registrar a violência que sofri na hora lá em Canaã e tive que vim ainda na noite de ontem de moto para Parauapebas, para poder registrar a ocorrência e tomar as providências cabíveis”, detalhou a vítima, que mora em Parauapebas e só tinha ido a Canaã assistir ao jogo do marido.

Ela conta que lá em Canaã, após o ocorrido, algumas pessoas informaram que o vereador, por se achar acima da lei, tem costume de agir com violência e intimidar as pessoas. “Só que dessa vez a agressão dele não vai ficar assim, porque eu vou lutar na justiça apara que ele seja punido. Eu já entrei em contato com dois advogados e vou processá-lo. Não importar se ele é vereador. Ele não deve agredir ninguém por conta do cargo e muito menos fazer isso com uma mulher, que nada estava fazendo para ele”, ressalta Benta.

Ainda segundo a vítima, na hora do ocorrido, ela estava sozinha, porque seu marido estava no campo, e o vereador estava com um grupo de amigos ou apoiadores. “Ele fez isso para me humilhar e aparecer na frente daquelas pessoas. Acho que ele me viu lá, de forma simples e pensou, é essa que eu vou descarregar minha ira hoje. Só que ele mexeu com a pessoa errada e eu vou até a última instância, para vê-lo punido pelo que fez comigo”, garante a mulher.

O marido de Benta, Antônio Sérgio, detalha que joga na categoria master e ontem estava em Canaã para disputar o terceiro lugar do torneio local, que aconteceu às 15h. No segundo tempo do jogo, o arbitro expulsou um dos jogadores, que não gostou e partiu para cima do juiz e começou uma confusão e sua esposa, que estava na arquibancada, começou a filmar e “Cabelo” a tentou impedir e houve a agressão.

“Quando eu vi ele estava lutando com ela e mais outro cara, provavelmente um babão dele, para tentar tomar o celular dela. Ele pegou o aparelho e jogou por cima do alambrado para o meio do campo. Novamente o jogo foi parado e eu fui socorrer minha mulher. Nós vamos processá-lo, porque o que ele fez foi um ato de covardia. Ele bateu em uma mulher em um espaço público, na presença de várias pessoas. Inclusive ficamos sabendo que ele já tem histórico de violência e estaria acostumado a bater na cara das pessoas e não acontecer nada com ele. Dessa vez a coisa é diferente. Ele bateu em uma mulher, na frente de todo mundo”, diz Vieira.

Benta, após registrar ocorrência, foi para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para receber atendimento médico, porque estava sentindo dores no corpo devido às agressões, e depois ia para o IML para fazer exame de corpo de delito. O depoimento dela foi tomado pela Delegada Ana Carolina, que está no plantão da Seccional Urbana neste fim de sema, e o caso será remetido à Delegacia de Canaã dos Carajás, onde caso ocorreu, para dar sequência ao inquérito policial.

O NNC não conseguiu contato com o vereador para dar sua versão sobre o caso.

 

 

 

Por Tina DeBord/Fotos: NNC/Portal Nativa News

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