Quem pensa que hanseníase é doença do passado está enganado. A cada novo levantamento realizado pela equipe da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) novos casos são descobertos no Brasil. O Pará é um dos estados com altos índices da doença. O vice-presidente da SBH, Cláudio Guedes Salgado, percorreu 13 localidades do estado, recentemente, e identificou 422 novos casos da doença. Para a equipe, esse número é alto e preocupante, já que a hanseníase é vista como erradicada no estado.

A 14ª edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia ocorrerá em Belém até o próximo dia 11 com o objetivo de reunir trabalhadores da saúde e representantes governamentais com o intuito de debater e falar sobre a doença, que é vista como erradicada. A Sociedade Brasileira de Hansenologia não confirma esse dado, uma vez que em vários locais do país pessoas continuam sendo diagnosticadas.

O médico dermatologista e especialista na doença, Cláudio Guedes Salgado, explicou que houve uma estagnação com relação ao número de casos novos, mas que esse dado não reflete a realidade e se dá pela carência no diagnóstico. “Esse discurso de que a hanseníase foi erradicada ganhou força não apenas no meio social, mas também nos centros de formação, como as universidades. Por isso, as pessoas ficam achando que é uma doença do passado”, pontuou o médico.

Para a SBH, estados e municípios não estão com profissionais qualificados para fazer o diagnóstico e isso reflete uma redução no número de casos. Ainda segundo a SBH, a população precisa ser informada de que a maioria dos dados divulgados pelos governos estaduais não estão de acordo com o levantamento real da doença.

Claudio Guedes Salgado sustenta essa informação a partir dos levantamentos que a SBH vem realizando em vários estados, de forma independente. Pará, Mato Grosso, Maranhão, Roraima, Mato Grosso do Sul e Tocantins são os estados brasileiros com os mais altos índices de hanseníase. O médico explicou que em vários locais aumenta o número de pessoas com incapacidade física, não diagnosticadas precocemente com hanseníase, o que na maioria dos casos protela o diagnóstico para um estágio avançado.

Para o médico o número preocupa, pois 10% da população examinada foi identificada com a doença. Ele disse que o número de casos reflete a realidade do local. As visitas técnicas em 13 municípios identificaram novos casos relacionadas à miséria, mas o médico se confessou assustado com a realidade de miséria do distrito de Belém.

Fonte: (Portal ORM)

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