Nos frigoríficos do Sul do Estado, 50 mil empregos correm risco com a greve dos caminhoneiros. Nos pequenos e médios comércios do interior, a previsão é de que 80% já devem ficar sem itens de primeira necessidade até o fim da semana, e 50% dos empregados poderão ser demitidos. Esse é apenas um panorama do cenário bombástico que a Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio) e outras entidades correlatas apresentaram na manhã de ontem (30). As entidades fizeram um apelo coletivo para que a sociedade apoie a retomada das atividades em todo o Estado e no restante do Brasil.

De acordo com Sebastião Campos, que preside a Fecomércio, ainda não é possível falar de números gerais de demissões se a paralisação não cessar, mas ele adianta que, se isso se concretizar, o setor de supermercados será o mais afetado. “Sentimos que governo cedeu bem em alguns pontos, mas o movimento continua e nos preocupa. A sociedade não pode mais ser penalizada, o movimento já disse a que veio”, ponderou Campos.

“Infelizmente, em algumas lojas já estão faltando produtos perecíveis, frutas, legumes e verduras. Conseguimos reabastecer de carne parcialmente algumas lojas, mas os menores e o do interior preocupam, porque não trabalham com grande estoque e, portanto, estão desabastecidos”, afirmou Jorge Portugal, presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), explicando que frutas e legumes vêm de São Paulo e do Nordeste e, em uma viagem sem paradas, são três dias até chegar ao Pará.

INTERIOR

Daniel Freire, presidente do Sindicato da Carne e Derivados do Estado do Pará (Sindicarne), se disse bastante preocupado com as 36 plantas frigoríficas inspecionadas pelo Estado e que estão quase que inteiramente paradas desde a semana passada. “Dos frigoríficos que estão no sul do Estado, 100% pararam porque não recebem insumo necessário ao processo da carne e nem escoa. Estamos falando de 50 mil empregos em risco”, alerta.

Da Associação de Distribuidores Atacadistas do Estado do Pará (Adapa), Roberto Malan falou sobre a dificílima situação dos atacadistas do interior, que já devem ficar desabastecidos até sexta-feira. “Abastecemos mais de 35 mil pontos de venda em todo o Estado, e quem está na Região Metropolitana de Belém não sente tanto, mas para os outros municípios são os nossos distribuidores que levam”, explica. “Estimamos que nessa semana 80% dos pequenos e médios comércios no interior ficarão sem itens de primeira necessidade e a previsão é de demissão em massa de 50% do efetivo”, confirmou.

Presidente em exercício da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Nilson Azevedo, condenou como criminosos os atos que seguem impedido o fim da greve após a negociação com o Governo Federal. “O movimento agora é solto, perigoso e traz prejuízo não só a quem produz, mas para o emprego também”, declarou. “Defendemos publicamente o movimento antes, como contra o imposto extorsivo sobre todos os produtos. O Governo pode ter cedido demais, mas atendeu todas as reivindicações e tem gente querendo voltar a trabalhar, mas os infiltrados não deixam”, denunciou Mendonça.

(Carol Menezes/Diário do Pará)

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