No último dia 24 de outubro, durante apresentação do resultado financeiro da mineradora multinacional Vale, a empresa anunciou que foi aprovado por seu Conselho de Administração o investimento de 1,1 bilhão de dólares para expansão da mina de Salobo, que se localiza no município de Marabá. A expansão, do tipo técnico “brownfield”, vai possibilitar aumento da capacidade de processamento do complexo de Salobo.

Segundo a mineradora, o projeto engloba um terceiro concentrador e vai utilizar a infraestrutura já existente. Salobo 3 produzirá, em média, 50 quilotoneladas por ano (Ktpa) nos primeiros cinco anos; 42 Ktpa nos primeiros dez anos; e 33 Ktpa durante toda a vida útil da mina. A expansão do empreendimento marabaense antecipará a produção de cobre e ouro do plano de mina original, encurtando assim a vida útil da reserva de 2067 para o ano 2052. O início da operação está previsto para o primeiro semestre de 2022, assim como um ramp-up de 15 meses.

A editoria de oportunidades foi primeiro a noticiar a expansão de Salobo há um mês, informando que as obras de expansão devem recrutar cerca de 3.700 trabalhadores, além de outras 800 oportunidades fixas a partir de 2022, na etapa de operação

Negociação

Pela terceira expansão de Salobo, a Vale receberá bonificação de até 700 milhões de dólares da Wheaton Precious Metals após atingir determinadas metas de produção, como parte dos termos anteriormente negociados na transação de goldstream.

Para quem não se lembra, em fevereiro de 2013 a Vale vendeu à Wheaton Precious Metals (antiga Silver Wheaton) 25% do ouro produzido como subproduto da mina de cobre de Salobo, durante toda a vida útil dessa mina. O negócio foi tão bom que dois anos após, em março de 2015, e também em agosto de 2016, a mineradora voltou a vender à Wheaton Precious Metals mais 25% do ouro produzido como subproduto do cobre de Salobo.

Em contraprestação pela venda em agosto de 2016, a Vale recebeu pagamento inicial em dinheiro de 800 milhões de dólares. Recebeu, ainda, valor de opção de aproximadamente 23 milhões de dólares a partir de eventual redução do preço de exercício dos bônus de subscrição da Wheaton Precious Metals detidos pela Vale desde 2013. E, além de tudo isso, pagamentos sucessivos de 400 dólares por onça de ouro (sujeitos à correção monetária anual de 1%, a partir do ano que vem) e o preço de mercado prevalecente — o que for menor — para cada onça de ouro que a Vale entregar na vigência do contrato.

Agora, com a futura expansão da capacidade de processamento dos minérios de cobre de Salobo para mais de 28 milhões de toneladas por ano (Mtpa) antes de 2036, haverá pagamento adicional em dinheiro de centenas de milhões de dólares que podem, inclusive, variar para mais, dependendo do teor do minério, tempo e tamanho real da expansão.

Sobre Salobo

A mina de Salobo, em Marabá, se assenta sobre a maior reserva medida, provada e provável de cobre no Brasil. Enquanto, por exemplo, a mina de cobre de Sossego, em Canaã dos Carajás, possui reserva estimada em 120,1 milhões de toneladas métricas secas de minério de cobre, com teor de 0,68%, a reserva de Marabá tem reserva de 1,193 bilhão de toneladas, com teor de cobre de 0,61%. A vida útil de Salobo, mesmo com a expansão, também é maior: começou a operar em 2012 e segue a plenos pulmões até 2052. Já Sossego, que começou a produzir em 2004, vai pendurar as chuteiras daqui nove anos — seria em sete, mas a Vale fez revisão das reservas, diminuiu consideravelmente a produção e, por fim, deu sobrevida ao empreendimento.

Do ponto de vista negocial, hoje, para a Vale, Salobo é sua 3ª principal operação no país, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM). Só perde para os projetos Ferro Carajás, em Parauapebas, e Ferro S11D, em Canaã. Este ano, até o último dia 15, Salobo produziu R$ 3,94 bilhões em recursos minerais e rendeu R$ 79,6 milhões em royalties de mineração, montante que é repartido em cotas distintas para a União, o Governo do Pará e a Prefeitura de Marabá, esta a qual fica com 60% da fatia.

A economia de Marabá, aliás, tem em Salobo a maior contribuição para composição do Produto Interno Bruto (PIB), com 38,5% de participação. É uma força tão impressionante que faz sucumbir até a poderosa agropecuária local, que reúne mais de um milhão de cabeças de gado. A agropecuária só representa 3,7% do PIB marabaense.

Entre royalties, taxas e compensações, Salobo coloca na conta da Prefeitura de Marabá cerca de R$ 200 milhões por ano. Aliás, foi pelo valor adicionado — que saltou R$ 1,2 bilhão de 2016 para 2017 — produzido por Salobo que a cota-parte do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) aumentou na vigência do ano que vem. Nos últimos cinco anos, com a entrada em operação de Salobo, a cota-parte do ICMS de Marabá aumentou 1%. Com a expansão concluída, Marabá deve faturar mais 1% na cota do imposto, gradativamente

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