A família do jovem Jesiael Nunes da Silva, morto na última quarta-feira (13), durante operação da Polícia Militar numa área de garimpo irregular fixado na Floresta Nacional de Carajás, bloqueou a passagem de veículos e funcionários de empresas terceirizadas para a área de trabalho do Projeto N1, popularmente conhecido como Salobo, de administração da mineradora Vale, localizado nas proximidades da Vila Sansão, zona rural considerada de Parauapebas, mas já município de Marabá.

Em conversa com os funcionários de diversas terceirizadas, Josias Nunes de Lucena – pai da vítima – informou que a culpa do assassinato do filho parte da Vale e a empresa que presta serviços de segurança para a mineradora, Segupro.  “Peço licença a vocês e peço desculpas pelo o que está acontecendo. Os culpados disso tudo que está acontecendo é a Vale e a Segupro. Trabalho aqui às margens do Rio Azul de garimpeiro desde 1990, tive muito prejuízo por conta deles, Vale mandando queimar motores, balsas – só balsas perdi umas 4 – mas o mais precioso perdi na última quarta-feira (13), a vida do meu filho. Os guardas da Segupro falaram para a polícia que eram bandidos do PCC acampados e fortemente armados, mas era mentira. A polícia veio com informação errada e matou. Todos aqui sabem o que é uma “por fora”, eles tinham duas e descarregadas. Eu estive garimpando em Tucumã (PA) e a Força Nacional apenas queimou minhas máquinas, mas nunca matou ninguém, tampouco triscou a mão em ninguém. Isso é um absurdo e vou lutar por justiça”, ressaltou Josias.

Para a reportagem, ele informou que recebe apoio de inúmeros garimpeiros, bem como a sociedade da Vila Sanção e Garimpo das Pedras. “Estamos dispostos a ficar hoje, amanhã, se houver liminar pedindo para sairmos em 24 horas a gente sai e volta novamente. Eu quero saber quem falou que meus filhos eram integrantes de facção. Já viram chefes de facção armados com duas espingardas “por fora” e descarregadas? Qualquer cidadão que tenha uma chácara nessa cidade tem uma “por fora”. Mataram meu filho, isso foi covardia”, enfatizou Josias.

Ele ainda acrescentou que espera uma indenização da empresa pelo assassinato do seu filho, casa para os netos e garantia dos estudos dos mesmos até uma formação de ensino superior.

Jesiael foi morto na tarde da última quarta-feira às margens do Rio Azul, área da Floresta Nacional de Carajás, de monitoramento da Vale. De acordo policiais do Grupo Tático da Polícia Militar, ele teria apontado a arma contra a guarnição e foi alvejado duas vezes.

No boletim policial, os PMs também ressaltam que o grupo de garimpeiros fazia parte da facção Primeiro Comando da Capital (PCC), o que foi negado pelos sobreviventes.

Nota da Vale

“A Vale repudia ameaças, atos de invasão ou obstrução de vias públicas, impedindo o direito de ir e vir dos seus empregados, prestadores de serviço e de toda a sociedade, como o bloqueio do acesso à portaria do Salobo, em Parauapebas, que ocorre neste momento por um grupo de garimpeiros.
A empresa reforça que adotou as medidas legais cabíveis e reitera que a Floresta Nacional de Carajás é Unidade de Conservação Federal de proteção ambiental de uso sustentável, cuja gestão é do ICMBio. A Vale ressalta que compete às autoridades policiais esclarecer os fatos relacionados às operações de combate à prática de garimpo ilegal na região.”

Mais funcionários nas proximidades da portaria
Garimpeiros fortalecem o bloqueio
Pai da vítima afirmou que o bloqueio vai continuar

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