Quais os municípios mais ricos do Pará? Haverá mudança de posição no ranking estadual liderado por Belém, Parauapebas, Marabá, Ananindeua, Altamira, Barcarena, Santarém, Tucuruí, Canaã dos Carajás e Castanhal?
Essas e outras respostas, sobre os municípios do Pará e do Brasil, deverão vir à tona na próxima quinta-feira (14), quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai soltar a pesquisa “Produto Interno Bruto dos Municípios”, com referência ao ano de 2015. O Produto Interno Bruto, ou simplesmente PIB, corresponde à soma das riquezas totais de determinado lugar no período de um ano. O dado de PIB em nível municipal mais recente que se tem disponível foi atualizado em 13 de dezembro do ano passado, com referência a 2014. A pesquisa tem carência de dois anos.

Parauapebas terá maior queda econômica

A fanpage “Meu Parazão” observa que um dos municípios brasileiros que, proporcionalmente, mais vão “empobrecer” de 2014 para 2015 fica no Pará. É Parauapebas.
Com economia extremamente dependente da indústria extrativa mineral, Parauapebas, que é o maior produtor nacional de minério de ferro, sofreu duro golpe com a derrocada do preço da tonelada de seu ganha-pão. Os números das exportações dizem muito acerca de seu PIB, e é aí que a Capital Nacional do Minério de Ferro vai afundar na divulgação da próxima quinta.
Em 2015, Parauapebas assistiu à queda da cotação de minério, cuja tonelada encerrou aquele ano em 55,11 dólares. Em 2014, o preço médio da tonelada ficou em 97,74 dólares, valor menor que em 2013, quando fora 135,50 dólares. Por conta dessa sequência de quedas, o PIB de Parauapebas — que já tinha caído cerca de R$ 4,5 bilhões de 2013 para 2014 — só não cairá à metade porque, naquele ano, a produção de minério foi 10 milhões de toneladas maior que em 2014 e, principalmente, porque a cotação do dólar frente ao real avançou exponencialmente, de maneira que em 2014 um dólar comercial valia R$ 2,35 em média e, em 2015, valia R$ 3,34.
Por outro lado, as exportações originadas no município despencaram de 7,62 bilhões de dólares em 2014 para 4 bilhões em 2015, o que resultará diretamente no encolhimento do PIB, de R$ 15,57 bilhões para R$ 12 bilhões.
Isso já tinha sido visto, aliás, de 2013 para 2014, quando as exportações diminuíram de 10,08 bilhões de dólares para 7,62 bilhões e, na mesma toada, o PIB foi rebaixado de R$ 20,2 bilhões para R$ 15,57 bilhões.
O ano de 2015 ainda é mais drástico porque, além das exportações de recursos minerais, a agropecuária, que tem pequena participação na economia parauapebense, encolheu 31%, de acordo com o IBGE.
De maneira mais prática, apesar da repercussão teórica do PIB, a sua queda é perigosa visto que afasta investidores e leva o município a sair da rota de negócios, como ocorreu em estudo divulgado pela consultoria Urban Systems este semestre. A consultoria lista anualmente os 100 municípios brasileiros mais prósperos para negócios e em cujo ranking Parauapebas já chegou a estar no topo, mas desapareceu do interesse nacional em 2017 dada à fragilidade com que se movimenta a sua economia, guiada por cotações internacionais e, majoritariamente, pelo consumo chinês.
Em 2011, auge do boom das commodities e quando, em fevereiro, a tonelada de minério chegou a tocar 191,70 dólares, a cotação média do ferro naquele ano ficou em 166,66 dólares. De acordo com a metodologia antiga para cálculo de PIB do IBGE, Parauapebas teria ficado, ainda em 2011, mais rico que Belém e se consagrara a 25ª maior praça financeira do Brasil. O placar era R$ 19,89 bilhões para Parauapebas contra R$ 19,68 bilhões para Belém, e o primeiro ganhou projeção nacional por seu aparente dinamismo. Ano retrasado, com o recálculo pelo IBGE, viu-se que Parauapebas jamais fora mais rico que Belém, e o placar foi de R$ 21,43 bilhões para a capital paraense ante R$ 21,01 bilhões para a capital do minério.
Agora, com mais uma queda, Parauapebas abre espaço para o PIB de Marabá encostar, já que este município vai apresentar crescimento haja vista os primeiros resultados estatísticos da expansão da produção de cobre em concentrado no projeto Salobo. Em 2014, Marabá exportou 942 milhões de dólares e, no ano seguinte, evoluiu a 1,11 bilhão de dólares.
Além disso, os efeitos deletérios da crise econômica nacional foram sentidos com menor intensidade na agropecuária de Marabá em relação à de Parauapebas, mostram os números do IBGE. No fim das contas, Marabá, atualmente Capital Nacional do Cobre e que em 2011 era cinco vezes mais pobre que Parauapebas em termos de PIB, verá que já está na metade do caminho para chegar à riqueza teórica da Capital Nacional do Minério de Ferro, que está empobrecendo.
Em 2015, ano de poucas vitórias e muitas derrotas na geração de riquezas Brasil adentro, Marabá e Parauapebas são os melhores exemplos do Pará do que deu e não deu certo. A conferir.

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