A lenta recuperação da economia e as incertezas das eleições não têm colaborado para a queda da inadimplência na região Norte. Segundo dados apurados pelo Indicador de Inadimplência do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a região concentrou no último mês de setembro 5,82 milhões de consumidores com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas.

O número representa 48,2% da população adulta. A proporção é a maior entre todas as regiões do País, seguido pelos resultados do Nordeste, com 42,4% dos habitantes (17,19 milhões); do Centro-Oeste, com 42,3% da população com nome sujo (5,0 milhões de inadimplentes); do Sudeste, com 39,1% (25,96 milhões); e do Sul, com 37,2% (8,46 milhões).

Em todo o País, o número de consumidores registrados nos cadastros de proteção ao crédito alcançou a marca dos 62,4 milhões em setembro, o que corresponde a 40,6% da população brasileira adulta – alta de 3,9% na comparação com o mês de setembro do ano passado. Trata-se do 12º crescimento consecutivo na comparação anual da série histórica. Se na comparação anual houve um aumento de brasileiros com contas atrasadas, na comparação mensal a inadimplência apresentou ligeira queda. Na passagem de agosto para setembro, sem ajuste sazonal, quantidade de pessoas inadimplentes ficou praticamente estável, com variação de 0,1%.

Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, a inadimplência continua alta no País. “O desemprego permanece elevado e a renda não superou os patamares anteriores à crise, prejudicando o orçamento e a capacidade de pagamento dos consumidores. Esse quadro deve só deve ser revertido com a melhora do mercado de trabalho, o que exige por sua vez uma recuperação econômica mais vigorosa”, explica o presidente.

A análise do indicador por região mostra que a inadimplência avançou de forma generalizada. Na região Norte, em setembro de 2018, o número de devedores negativados cresceu 3,98% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O avanço ficou acima daquele registrado em agosto (3,76%). Na comparação mensal, isto é, entre agosto e setembro de 2018, o número de negativados apresentou queda de 0,13%. Esse é o quinto mês consecutivo que apresentou variação negativa.

O maior aumento anual foi anotado no Sudeste, com alta e 11,9% na quantidade de devedores. Em segundo lugar ficou a região Norte, seguida do Sul (3,7%), Nordeste (2,7%) e Centro-Oeste (1,0%).

O indicador ainda revela que é entre a população mais velha que se observa o aumento mais acentuado da inadimplência. Na comparação entre setembro de 2018 e setembro do ano passado, houve um crescimento de 10,0% na quantidade de inadimplentes entre 65 e 84 anos. Em número absoluto, estima-se um total de 5,4 milhões de consumidores com o CPF restrito nessa faixa etária.

Considerando os brasileiros de 50 a 64 anos, a alta no número de negativados foi de 6,2%, com 12,9 milhões, e na população de 40 a 49 anos foia de 4,9%, com 14 milhões de inadimplentes. Os dados apontam ainda que a maior parte dos inadimplentes (51,5%) permanece na faixa dos 30 aos 39 anos. São 17,7 milhões de pessoas que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. Na população mais jovem, os números também são expressivos: 7,7 milhões de inadimplentes entre 25 a 29 anos e 4,4 milhões com contas atrasadas têm entre 18 e 24 anos.

Na avaliação do presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o fato de os idosos estarem tendo cada vez mais acesso a linhas de crédito acaba levando à inadimplência nessa faixa etária. “Com o aumento da expectativa de vida, a população idosa participa cada vez mais ativamente do mercado de crédito, com um leque maior de produtos e serviços voltados para esse público específico. Isso eleva o número de potenciais consumidores nessa faixa etária, assim com o número de consumidores que eventualmente caem na inadimplência”, analisa.

Dívidas

Outro número calculado pela CNDL e pelo SPC Brasil é o volume de dívidas que estão no nome de pessoas físicas. Na região Norte, o número de dívidas em atraso mostrou alta de 0,07% na comparação anual, quebrando a sequencia de 13 meses de queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Na comparação mensal, houve redução de 0,31%, ante -0,13% do mês anterior.

A análise por setor credor mostra que a redução na região foi puxada pelos retrocessos de 3,69% no comércio e de 19,75% nas outras dividas não discriminadas. No entanto, na variação anual foram verificadas altas de 10,69% nas dívidas de água e luz; de 8,94% nos serviços de comunicação; e de 2,18% nos débitos bancários. Considerando a passagem mensal, os nortistas só aumentaram as dívidas das contas de água e luz (1,63%). Todos os outros setores apontaram reduções (comunicação (-0,75%), comércio (-0,13%), bancos (-0,03%) e outros (-1,32%).

Em todo o País, houve um crescimento de 1,50% ante 2017. Na base mensal foi observado uma leve queda de -0,04% no volume de dívidas em atraso. Os dados das pendências por setor credor revelam que as dívidas bancárias – cartão de crédito, cheque especial e empréstimos – apresentou a alta mais expressiva em setembro: 8,5% na comparação com o mesmo mês de 2017. Já no comércio observou-se queda de -6,1% com atrasos no crediário. Depois vem os serviços básicos, como água e luz, cuja queda foi de -1,1%. Quanto à participação, 52,7% dos compromissos financeiros não quitados foi contraída em bancos ou financeiras, seguidas do comércio (17,9%) e emprestas prestadoras de serviços básicos (7,9%).

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