Com 22 casos de leishmaniose confirmados em humanos e contaminados 74% dos 534 cães já analisados no município, a Secretaria Municipal de Saúde de Canaã dos Carajás enfrenta uma situação alarmante de enfrentamento da doença: apesar das diversas ações preventivas empreendidas, desde a semana passada há falta de kits para teste rápido de triagem, o que já prejudicou muitas pessoas, segundo a própria secretaria.
Os cães passaram pelo teste rápido de leishmaniose visceral canina: 395 foram diagnosticados com a patologia. Entre os humanos, cinco casos são de leishmaniose tegumentar e 17 do tipo visceral, mas ambos os tipos podem levar a óbito em 90% dos casos, se não forem tratados. A leishmaniose é uma doença parasitária, também conhecida como calazar, transmitida pelo inseto chamado de mosquito palha
Humanos e animais infectados não podem transmitir a patologia através do contato, mas funcionam como reservatórios do parasita causador da doença e, no caso de serem picados por outro mosquito palha, acabam transmitindo o parasita ao mosquito e provocando a proliferação da doença. Ontem, o coordenador de Vigilância em Saúde do município, Douglas Pacheco, afirmou que a previsão é de que novos kits cheguem hoje à cidade e avisou que os testes passarão a ser realizados na ONG Anjos de Patas, localizada na Avenida São João, às proximidades do Corpo de Bombeiros.
Uma das pessoas que contraiu calazar no município foi Gilson Mendes, ex-diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura e Lazer (Funcel) e irmão do vereador Andersom Mendes. Gilson permanece internado no Hospital Municipal Daniel Gonçalvez.
Segundo os responsáveis pela secretaria, a prevenção contra a doença depende fundametalmente do combate à proliferação do mosquito palha. As principais providências incluem não criar em ambientes urbanos galinhas e porcos, cujas fezes atraem o mosquito, manter a casa e o quintal limpos e cuidar dos animais de estimação para que fiquem sempre dentro de casa, sadios, limpos.
Os sintomas da leishmaniose em cães incluem dermatite, feridas nas pontas das orelhas e no focinho, perda de pelo ao redor dos olhos, emagrecimento, sangramento nasal ou oral, apatia, problemas nos olhos, crescimento anormal das unhas e febre. Já nos gatos, os sintomas são nódulos subcutâneos, em especial na cabeça e no pescoço, conjuntivite, inflamação das pálpebras e da úvea, queda de pelo ao redor dos olhos, anorexia, emagrecimento, apatia, sangramentos nasais e orais e feridas em regiões com pouco pelo.
De acordo com Douglas Pacheco, os donos que notarem sintomas em seus animais devem levá-los para exame no Centro de Controle de Zoonoses ou órgão equivalente. Se confirmada a doença, os animais devem ser sacrificados. Ele explicou que não é recomendável esperar que o órgão vá buscar os animais, o que pode demorar.
No caso dos humanos, os sintomas da leishmaniose são febre intermitente, com semanas de duração, fraqueza, perda de apetite, emagrecimento, anemia, palidez, aumento do baço e do fígado, comprometimento da medula óssea, problemas respiratórios, diarreia e sangramentos na boca e nos intestinos. Quem apresentar algum destes sinais deve procurar ajuda médica com urgência, acrescentou Douglas.