Quem vê aquele homem alto a andar quase anonimamente pelas ruas da cidade não imagina a quantidade de histórias vividas por ele. Por detrás do seu jeito calmo e voz macia se esconde um guerreiro que por meio da sua arte vivenciou as muitas fases do município.

 

A história de Onofre Souza Lobbo, mineiro de Ipatinga, cenógrafo, figurinista, diretor de teatro e artista plástico se confunde com a de Parauapebas. Em 1985 ele chegou em Carajás, contratado pela Vale para encenar a peça infanto-juvenil “Circo da Arca de Noé” de Vinicius de Moraes, no cine teatro Carajás.

 

 

Inicialmente pensou que sua estadia seria coisa de meses, mas foi ficando e quando menos esperou tinha transferido seu domicílio e suas atividades artísticas para a região. “Tudo começou quando o pessoal da Vale viu a peça encenada em Minas e me convidou para realizar o mesmo trabalho em Carajás, depois disso desenvolvi outros trabalhos e acabei ficando”, diz.

Em 1989, com o município já emancipado, Souza Lobbo se mudou definitivamente para a cidade, onde conheceu o prefeito Faisal Salmen e a então primeira-dama Bel Mesquita, que anos mais tarde viria a ser prefeita. A pedido do prefeito, ele criou um grupo de teatro para encenar a peça Gandhi, cujo roteiro fora escrito pelo prefeito, “foram anos de muita intensidade. “Aqui a gente teve oportunidade de produzir vários espetáculos. Além de Gandhi, Chico Rei, Alice no país das maravilhas são dessa época, “Uma das coisas que mais me deixa satisfeito, foi a contribuição para a realização da Feira da Amizade, onde hoje é a secretaria de Assistência Social. Depois a feira da Amizade se tornou a FACIPA,evoluindo para a feira de Agro-negócios (FAP) de hoje”.

 

Precisando respirar outros ares e ampliar conhecimentos, o artista passou uma temporada fora do município. Nesse período trabalhou em Belo Horizonte, Juiz de Fora e Palmas. Em 2014, retornou à Parauapebas, onde trabalha intensamente na pintura de quadros a óleo e a acrílico. As mulheres sem rosto, marca registrada, continuam em alta.

Dos anos 90 para cá ele desenvolveu uma grande número de projetos culturais e atualmente ele trabalha num livro relacionado a arte, englobando trabalhos de cenografia de várias peças em várias partes do Brasil, além de pinturas, figurinos etc. A médio prazo Souza Lobbo sonha em fazer uma remontagem da vernissage que teve um grande sucesso em Parauapebas há mais de 15 anos. “foi a vernissage que mais repercutiu, conseguimos apresentar trabalhos de artistas, como Ciloca Mesquita, Afonso Camargo, Civaldo Rodrigues, Gelson, Sandra Santos, Ray Farias e muitos outros”. Ele garante que Parauapebas tem uma nova geração de talentos que precisa expor sua arte. “a arte é fundamental para o cotidiano da cidade, as pessoas precisam ver bons espetáculos, irem ao cinema e se divertir”.

 

 

Para o primeiro semestre de 2018, já está garantida a exposição na loja Eventos e Noivas, da empresária Nice Cristina. Com o tempo exíguo, ele se vira para não falhar no compromisso assumido. A exposição, denominada “Cinquenta” será uma viagem pelos seus 50 anos de contribuição à arte e à cultura.

(Marcel Nogueira – Parauapebas HOJE)

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