No 5º município mais importante do Brasil na balança comercial, as contradições são evidentes: enquanto falta água encanada para considerável parte dos moradores, a prefeita Josemira Gadelha e sua ajudante de ordens, Taís Leite, fazem graça com a cara da população, torrando dinheiro da Fundação Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Funcel) com água mineral.
Dados levantados pelo Papo Carajás no Portal da Transparência de Canaã dos Carajás revelam que Taís Leite fez este ano, até 18 de julho, 37 pagamentos por água mineral que totalizam R$ 255.234,25. Só nesse dia de julho ela pagou R$ 105.056,25. Taís ainda pagou mais R$ 64.050,00 em compra “emergencial” para, dizendo ela, abastecer com água mineral o 4º Festival Junino. E além de tudo isso, a chefe da Funcel comprou R$ 28.368,25 num combo de material de consumo, que inclui água mineral e gás de cozinha. Nessa brincadeira, foram por água abaixo R$ 347.652,50.
É muita sede por gastar dinheiro público, mas o que ninguém sabe — e precisa saber — é quem tanto bebeu toda essa dinheirama em água. Tudo isso pago com dinheiro dos royalties de mineração, que deveriam estar sendo utilizados para preparar a Terra Prometida para o futuro, o que implica, entre outras ações, erguer um sistema de saneamento básico eficiente e universal, que leve água encanada e esgotamento sanitário a toda a população.
15 mil sem água
De acordo com o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), que se alimenta de informações prestadas pelas prefeituras, Canaã dos Carajás possuía, em 2023, cerca de 15.200 habitantes sem acesso à água potável.
Mas a prefeita Josemira, considerada a “Rainha do Camarote”, só quer saber de festejar e utilizar a Funcel para criar cortiça de fumaça com fuzarcas pagãs na tentativa de ocultar as mazelas da pobre rica Canaã dos Carajás, onde milhares de cidadãos não têm acesso ao básico — como água encanada — e ainda assim o poder público derrama milhares de reais em pagamentos de água mineral que a população não sabe para onde foi.