Candidatos do concurso público para ingresso no quadro de pessoal permanente da Prefeitura de Canaã dos Carajás estão “tiririca” com Josemira Gadelha. A prefeita inventou uma cláusula de barreira sem noção para limitar a convocação apenas a candidatos que se classificarem dentro das 556 vagas imediatas disponibilizadas no Edital nº 1/2024. Com isso, Josemira vai manter milhares de temporários pendurados na prefeitura, enquanto a validade do concurso se arrastará por dois anos sem poder convocar mais alguém.
O abuso está expresso no item 15.2 do edital, segundo o qual “somente serão considerados aprovados no concurso os candidatos habilitados e classificados nas provas objetivas e nas provas dissertativas dentro do número de vagas”. Para piorar, o subitem 15.2.1 destaca que “serão eliminados do concurso os candidatos que não se classificarem dentro do número de vagas previsto” na tabela que acompanha o edital.
A medida polêmica fará com que Josemira siga desrespeitando a lei, que define o concurso público como regra para ingresso no serviço público. Em maio, a folha de pagamento da Prefeitura de Canaã dos Carajás somava 5.150 vínculos, dos quais 3.129 eram de trabalhadores que estavam contratados temporariamente, perfazendo 60,7% do total. Apenas 1.634 servidores (31,7%) são concursados na terceira prefeitura mais rica do Pará. Ou seja, os contratados são praticamente o dobro de concursados.
E a realidade está longe de mudar, no que depender do governo local. A educação, uma das áreas onde mais há servidores temporários, vai continuar com mão de obra não estável. Entre os 967 professores da rede pública municipal, absurdamente 601 (62,1%) são temporários e as vagas ofertadas no certame não representam sequer 15% da real necessidade.
Os números vergonhosos — que mobilizam candidatos contra a abusividade do edital, mas não comovem Josemira — colocam Canaã dos Carajás como um paraíso perpétuo de contratados. E ela não está nem um pouco preocupada com quem não estiver dentro das vagas. É a lógica de que mais vale dois temporários nas mãos que um cadastro reserva voando.