Em Parauapebas está cada vez mais difícil encontrar açaí nos diversos pontos de venda da cidade. Acontece que, quando não está em falta, o produto é achado por, no mínimo, R$ 20,00, bem mais caro do que os preços anteriores de R$ 10,00 ou R$ 15,00.

Para um preço considerado alto para a maioria dos consumidores de Parauapebas, há um explicação. Nesta semana, o Papo Carajás entrevistou Werbet Santana de Barros, presidente da Associação dos Batedores e Vendedores de Açaí de Parauapebas (ABAP), associação recém criada com a intenção de unir os batedores e vendedores de açaí na busca de melhorias para a classe.

Werbet confidenciou que com o começo da safra de açaí na região de Parauapebas, centenas de grandes empresários e até de outros estados estão comprando o fruto por um preço bem mais alto no mercado, deixando o alto custo para os empresários parauapebenses que também desejam a safra. “O valor do litro do açaí acima da média é fruto de uma concorrência desleal que compradores de açaí de Parauapebas estão enfrentando com compradores de açaí de outros cidades, entre elas: São Luís (MA), Teresina (PI), Igarapé-Miri (PA), Cametá (PA), Tailândia (PA) e até Belém (PA). Há um problema em todas essas negociações. Se o saco custa R$ 230,00, eles oferecem R$ 260,00 ou até R$ 280,00, encarecendo o valor do produto in natura para os vendedores de Parauapebas. Eu mesmo já cheguei a comprar saco de açaí por R$ 300,00 ou até mesmo R$ 320,00. Devido a grande procura, o alto custo do fruto e de toda as outras operações até o fruto se tornar líquido, o valor do produto final fica mais caro, infelizmente, é inevitável”.

Caminhões de empresários de fora estão levando todo o açaí de Parauapebas

A safra de Parauapebas começou neste mês e pode se estender até outubro, podendo acabar antes devido a grande procura dos compradores de fora.

Parauapebas é o município do sudeste que mais consume açaí

O mercado do açaí parece ser uma grande economia de Parauapebas. Atualmente, no período da safra, os parauapebenses chegam a consumir, diariamente, cerca de 15 a 30 toneladas. “Em Parauapebas, temos duas realidades, fora de safra onde o açaí vem de outras cidades e é consumido por dia cerca 9 e 14 toneladas de açaí. Na safra, entra em cerca de 15 a 30 toneladas de açaí”, disse Werbet.

Werbet, presidente da ABAP

Surpreendentemente, Parauapebas consume mais açaí do que Marabá e até mesmo Tucuruí, duas cidades do sudeste paraense com grande movimentação do fruto.

Falta estrutura e vendedores fecham as portas 

Associação dos Batedores e Vendedores de Açaí de Parauapebas (ABAP) foi criada em dezembro de 2020 e faz-se necessária diante a dificuldade enfrentada por muitos batedores e vendedores de açaí, seja numa concorrência desleal ou num período fora da safra.

Atualmente, cerca de 80 estabelecimentos estão cadastrados pela ABAP, mas acredita-se que existem mais de 100 estabelecimentos. “Estamos falando mais de 1.000 pessoas envolvidas nesse ramo em Parauapebas, aquece a economia. Contudo, essas famílias passam uma dificuldade muito grande de novembro até o final de abril, que corresponde o fim da safra local, período onde não se ver mais açaí em Parauapebas, há não ser quem vá comprar fora e muitos não em estrutura para isso. Teve comerciante que Já chegou a pagar R$ 400,00 no saco de açaí vindo de Cametá. Mediante a isso, o litro do açaí chega a custar 22 reais o litro para o consumidor, é onde uns fecham e esperam a safra de Parauapebas, que agora também desperta o interesse de outros compradores”.

O impasse mencionado por Werbet revela uma problemática que a associação espera resolver em breve após conseguir apoiadores, principalmente, da estrutura pública. “De maio até em outubro, no período da safra é o tempo de ganharmos dinheiro. O ápice da nossa safra é em agosto, temos muito açaí em Parauapebas, na região da Marinês, Valentim Serra, Paulo Fonteles, Apa e Vila Sanção. É um período para estocar açaí, mas estocar aonde?  Os estabelecimentos maiores têm câmara fria e conseguem fazer o seu estoque, mas e os produtores menores? Se temos uma câmara fria grande, a gente consegue estocar esse açaí na safra e no período fora da safra, que consiste de novembro a abril, um período onde os vendedores passam muita dificuldade. A gente pegaria esse açaí estacado e venderíamos num valor bom, tanto para o vendedor quanto para o cliente”, completa Werbet.

A ABAP segue em conversas com autoridades locais com a intenção de fechar parcerias.

 

 

 

 

Comentários