Pabllo Vittar tem causado uma revolução no cenário musical brasileiro nos últimos anos, apresentando canções que misturam ritmos tipicamente nordestinos com música pop e eletrônica, resultando em batidas dançantes e cheias de personalidade. Na noite de quinta-feira, 24, a drag queen mais popular da música mundial – com quase 23 milhões seguidores no Twitter, TikTok, Facebook e Instagram – lançou seu quarto álbum de estúdio, intitulado “Batidão Tropical”, nome que já sugere a influência dos ritmos quentes do Brasil, incluindo, a música paraense, que ocupa um lugar especial na bagagem cultural da cantora.

Para os paraenses, o novo disco veio com um gostinho ainda mais especial. Isto porque das nove faixas de “Batidão Tropical”, seis são regravações de sucessos de bandas paraenses. Não é segredo que Pabllo tem a banda Companhia do Calypso como forte referência, tendo popularizado até mesmo o “Yukê” de Mylla Carvalho. No novo álbum, ela dá voz a três músicas do grupo sucesso do início dos anos 2000: “Ânsia”, “Zap Zum” e “Bang Bang”.

Pabllo canta ainda “Apaixonada”, da Banda Batidão, e duas músicas da Banda Ravelly: “Ultrassom” e “Não é Papel de Homem”. A Banda Ravelly, inclusive, tem origem em Santa Isabel do Pará, cidade onde Pabllo passou parte da infância.

Completam “Batidão Tropical”: o single previamente lançado “Ama, Sofre e Chora”, e as inéditas “A Lua” e “Triste com T”. Esta última chega ainda com um videoclipe, que estreia no canal de Pabllo às 12h desta quinta-feira, 25.

Nascida em São Luís, capital do Maranhão, Pabllo morou durante a infância em Santa Isabel do Pará, na região metropolitana de Belém, e já revelou que essa experiência foi determinante para sua formação como artista, pois no Pará, ela teve contato com ritmos como cúmbia, carimbó, tecnobrega e guitarrada. Mais do que inspiração musical, a imagem das divas da música paraense também ficaram marcadas na sua mente de criança, que sempre teve fascínio pelas cantoras performáticas.

Para Pabllo, a proximidade entre o Pará e o nordeste faz com que as referências culturais acabem se cruzando de uma forma muito natural, facilitando essa troca e surgimento de novos possibilidades dentro da música. “Vejo uma homogeneidade. Pois as cantoras paraenses faziam muito sucesso no Maranhão e vice versa. Além também dos tantos shows que fiz em ambos os lugares”, conta a artista.

Na conversa, concedida antes de anunciar as novidades do novo álbum, Pabllo não citou nenhuma canção de sua discografia diretamente inspirada pela música do Pará, também deixou aos fãs a tarefa e identificar possíveis referências, sobretudo, nas faixas do novo álbum, mas não descartou a possibilidade de lançar algo com um sotaque paraense mais forte em algum momento de sua carreira – dando a deixa do que seria “Batidão Tropical”.

“Tenho diversos projetos em mente para o futuro. Tenho aproveitado a pandemia para trabalhar bastante e pensar em coisas inéditas para os Vittarlovers”, revela. Lançado no mês do orgulho LGBTQI+, o “Batidão Tropical” (ou PV4, sigla pelo quarto o quarto disco de Pabllo é chamado pelos fãs nas redes sociais), já cativou os fãs desde seu primeiro single, “Ama Sofre e Chora”, canção divulgada em maio e que já deu uma amostra do tom do álbum, que mais uma vez, tem a mistura quente que tornou a performer famosa no mundo.

Valéria Paiva comemora destaque para música local

Para Valéria Paiva, uma das “embaixadoras” do brega no Pará, é maravilhoso ver os ritmos populares paraenses sendo referenciados no trabalho de uma artista do tamanho de Pabllo Vittar, e para ela, essa ligação entre as regiões é determinante para que mais sucessos surjam.

“Eu fui a Recife, a Fortaleza, e muitas bandas regravaram nossas músicas lá, até bandas de forró, e a gente fica muito feliz de ver isso. Assim como o pessoal daqui regrava os forrós em brega, eles pegam o brega para regravar em forró. A gente fica feliz de ver essa mistura de ritmos”, diz a cantora da lendária banda Fruto Sensual.

Divulgadora do cenário artístico de Santa Izabel, Valéria nasceu e mora no município, e diz que a música é muito forte no local. “Santa Izabel é um celeiro de grandes artistas. A cidade merecia um festival de música. Aqui, temos Viviane Batidão, Elly Feitosa, Vanda Ravelly, e muitas que o Pará ainda não conhece, que só cantam aqui”, celebra a cantora, que não esconde sua admiração pelo trabalho da drag queen maranhense, celebrando, mais uma vez, o intercâmbio de culturas. “Eu digo que a Pabllo é uma Mylla [Karvalho], né”, diz ao risos, citando a vocalista da Companhia do Calypso, nascida em São João do Araguaia. “A Aretuza Lovi até disse uma vez que, quando elas se encontram, elas cantam as músicas como Príncipe Negro e outras musícas minhas, canções daqui”, se orgulha Valéria.

 

 

Fonte: Caio Oliveira e Lucas Costa (ORM)

Comentários