Na cidade amazônica onde milhares de moradores mais parecem viver no Saara, dada a frequência com que a água potável falta nas torneiras, a prestação de contas do 3º bimestre do governo de Josemira Gadelha é uma verdadeira piada envolta em mistério: ela declarou ao Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA) ter empenhado R$ 118,16 milhões em saneamento básico, dos quais R$ 85,91 milhões foram liquidados. Acredite quem quiser porque, certamente, nem a prefeita acredita nisso.
De acordo com dados do Sistema Nacional de Saneamento Básico, 19,5% da população de Canaã dos Carajás não recebe água tratada pela rede geral de abastecimento. E o pior: 75% da água distribuída pela autarquia municipal se perde no caminho. Traduzindo: o serviço é caro, ineficiente e ainda não chega a quem deveria.
Com a fortuna de R$ 118 milhões que Josemira comprometeu do caixa de Canaã no primeiro semestre deste ano, a Terra Prometida era para estar “um brinco” em matéria de saneamento básico e ser referência nacional — nem que fosse em investimento. Mas a realidade é outra e precisa ser olhada com atenção pela sociedade e pelos órgãos de fiscalização e controle.
Para piorar, apenas 48% da população é atendida com coleta de esgoto, abaixo da média nacional de 60%, o que é uma vergonha para uma cidade cuja prefeitura é bilionária. Na Canaã dos Carajás onde esgoto corre a céu aberto, a prefeita Josemira Gadelha tenta pintar uma realidade por meio de festas e fuzarcas sem retorno econômico e muito menos social ao município, que segue na fossa.