Confesse que você também gostaria de ganhar quase R$ 2 mil por hora. E isso é possível em Canaã dos Carajás, onde, segundo dizem, “o filho chora e a mãe não vê”. Basta ser ungido pela prefeita Josemira Gadelha, aquela que investe muitos milhões em festas e fuzarcas, tenta enrolar o Ministério Público com contratação de pessoal temporário e comissionado na administração municipal e cria cláusula de barreira para evitar nomear candidatos aprovados em concurso público.
Na Terra Prometida, o governo de Josemira está pagando até R$ 15.398,50 por oito horas de “treinamento”, no que se configura o serviço dessa natureza mais caro do Brasil, exatamente no município onde, pelo menos, 25.500 habitantes sobrevivem com menos de meio salário mínimo por mês, segundo dados do Cadastro Único (CadÚnico) mantido pelo governo federal.
Veja os detalhes da contratação aqui:
https://www.tcm.pa.gov.br/mural-de-licitacoes/licitacoes/ficha/4166695#licitacao.
Josemira mandou contratar um instituto pouco conhecido, lá de Santa Catarina, para dar algumas horas de palestras em Canaã, via Secretaria Municipal de Assistência Social, por incríveis e absurdos R$ 223.024,10. Por outro lado, o município abriu apenas dez vagas para o cargo de assistente social no concurso em andamento, enquanto mantém atualmente no quadro 54 assistentes sociais temporários em contraponto a 19 concursados.
O cenário é de improbidade escrachada, mas a prefeita Josemira Gadelha insiste em “peitar” o Ministério Público, que já denunciou a gestão dela por diversas irregularidades e escândalos.
No mundo encantado da Rainha do Camarote, a prioridade são festas caríssimas com dinheiro público e sem retorno econômico, enquanto a população menos abastada segue na pobreza e os aprovados em concurso ficam à deriva em meio à tragédia festiva criada como cortina de fumaça para esconder graves e históricos problemas sociais da cidade que proporcionalmente mais cresce no país.