Quatro anos se passaram desde que o vereador Zé do Bode assumiu seu mandato na Câmara Municipal de Parauapebas. E somente agora, já com sete meses da nova gestão em andamento, ele decidiu cumprir o papel de “fiscal do povo” e apareceu visitando o Hospital Geral da cidade. A ação, que poderia ser vista como um gesto de responsabilidade, acabou sendo recebida com desconfiança.
O motivo? A memória popular não falha. Durante toda a gestão anterior, sob o comando do então prefeito Darci Lermen, Zé do Bode permaneceu em silêncio diante das inúmeras denúncias e reclamações envolvendo a saúde municipal. Nunca publicou um vídeo sequer dentro do hospital, e ainda chegou a se licenciar do cargo de vereador para assumir, por poucos dias, uma secretaria. Na época, o movimento já havia causado críticas – e agora, parece que a estratégia não mudou, só foi reciclada.
A visita, registrada com pompa nas redes sociais, não causou o impacto positivo esperado. Para muitos, o gesto chegou tarde demais. Por que só agora a preocupação com a saúde pública? Por que não antes, quando a população enfrentava filas, falta de médicos e precariedade no atendimento?
Enquanto Zé do Bode reaparece com fala de fiscalizador, a nova gestão segue outro caminho. O atual prefeito, Aurélio Goiano, optou por formar um secretariado técnico, sem entrega de cargos políticos a vereadores. Na Saúde, nomeou Luiz Veloso, profissional com mais de 18 anos de experiência na mineradora Vale, com passagem por áreas estratégicas como gestão de crises, contratos, orçamento e relacionamento institucional.
É importante lembrar: política não se faz com vídeos esporádicos, mas com ações contínuas. Fiscalizar é, sim, obrigação de um vereador — sempre foi. Mas só lembrar disso após anos de omissão não convence uma população que acompanha, cobra e, principalmente, lembra.
No fim, o vídeo de Zé do Bode serviu mais para reacender questionamentos sobre sua atuação passada do que para projetar qualquer expectativa de mudança. Porque quem fiscaliza de verdade não aparece apenas quando convém. Aparece sempre.