Sete corpos foram reconhecidos nesta terça-feira (30) entre os 57 mortos na rebelião em presídio de Altamira, no Pará, no dia anterior.

O caminhão frigorífico de uma empresa que serviu para armazenar ao menos parte dos corpos saiu nesta madrugada do presídio e chegou ao IML de Altamira, onde se concentram familiares em busca de informação.

Nem o calor intenso fez as pessoas deixarem o local. Aglomeradas na frente do portão do prédio do IML, seguem esperando.

 

“Nunca tinha perdido um filho. É muito difícil, eu não sei nem o que falar, para não dizer que eu não vi ele, eu só vi a cabeça dele dentro de um saco plástico, é muito triste perder um filho numa situação dessas”, disse Francisca Moreira de Lima, mãe do Adriano Moreira de lima, um dos 16 internos que foram decapitados.

Sem comer ou dormir, muitas pessoas começaram a passar mal, e precisaram ser atendidas pela equipe da secretaria de estado e saúde, com apoio do Exército, que montou uma tenda em frente ao prédio do IML.

 

Grupos ligados a igrejas também dão apoio, e trazem apoio para quem ainda não conseguiu notícias.

O trabalho de identificação dos corpos está no começo. Dos 57 mortos, sete já foram identificados, mas pelo menos 20 estão carbonizados, e precisarão ser identificados pela arcada dentária, ou exame de DNA, que leva entre 20 e 30 dias para serem liberados os resultados.

Familiares quem não têm condições financeiras de sepultar os mortos estão sendo cadastrados pela Defensoria Pública do estado, para que sejam organizados o velório e o sepultamento coletivos.

No meio da manhã, o bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Krautler, chegou ao prédio do IML. Um dos símbolos na defesa dos direitos humanos na região do Xingu, Dom Erwin confortou as famílias, e criticou a falta de segurança dentro e fora dos presídios em todo o estado.

 

“Nossa região é notícia negativa mais uma vez, essa carnificina não poderia ter acontecido, nós não poderíamos ter permitido que a violência, esse descontrole chegasse a esse ponto, eu estou arrasado, as famílias estão destruídas, nossa cidade, nossa região, isso não poderia ter acontecido, até quando?”.

 

 

 

 

Fonte: Diário do Pará

 

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