De dez trechos rodoviários classificados como os piores do Brasil, três estão em território paraense. Esse é o resultado da 21ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, que avaliou 105.814 km ao longo de todo o país. As ligações rodoviárias entre Marabá e Dom Eliseu (BR 222), Marabá para Wanderlândia, no Tocantins (BR-153, BR-230 e PA-153), e o trecho de Belém para Guaraí, no Tocantins, que inclui as rodovias estaduais PA-150, PA-151, PA-252, PA-287, PA-447 e a PA-483 foram classificados como ruinsem toda sua extensão.

A falta de conservação e de investimentos foi o que mais provocou a piora na trafegabilidade dessas rodovias. A situação das rodovias estaduais chamou a atenção no relatório elaborado pela Confederação Nacional de Transportes (CNT): 69% dos trechos percorridos pelos pesquisadores estão em condições ruim/regular.

O Pará possui uma malha rodoviária com 10.895 quilômetros, dos quais foram avaliados 3.175 quilômetros em estradas federais e 717 nos trechos das estaduais. A sinalização nos 3.892 kms percorridos é o problema mais grave encontrado por quem trafega nas estradas analisadas. Foram considerados péssimos, ruins e regulares neste quesito analisado 96,6% da extensão percorrida, o que significa que quem percorre estas rodovias corre risco eminente de se acidentar.

SINALIZAÇÃO

A sinalização foi o aspecto que mais se deteriorou quando comparados os dados das rodovias brasileiras com os da mesma pesquisa realizada no ano passado. Em 2017, o percentual da extensão de rodovias com sinalização ótima ou boa caiu para 40,8%, enquanto no ano passado 48,3% haviam atingido esse patamar. Neste ano, a maior parte da sinalização (59,2%) foi considerada regular, ruim ou péssima.

Sobre a qualidade do pavimento, a pesquisa indica que metade (50%) apresenta qualidade regular, ruim ou péssima. Em 2016, o percentual era de 48,3%.

Já a geometria da via, outro quesito avaliado pela Pesquisa CNT de Rodovias, manteve o mesmo resultado do ano passado: 77,9% da extensão das rodovias tiveram sua geometria avaliada como regular, ruim ou péssima e apenas 22,1% tiveram classificação boa ou ótima.

A Pesquisa é elaborada há 21 anos pela Confederação Nacional dos Transportes. No caso do Pará, em todos os anos os mesmos trechos de rodovias estaduais e interligações com as federais são classificados entre as dez piores ligações do país. “A queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com um histórico de baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos ”, afirma o presidente da CNT, Clésio Andrade.

QUEDA DE INVESTIMENTOS PIOROU O ESTADO DAS VIAS

Segundo o presidente da CNT, Clésio Andrade, a drástica redução dos investimentos públicos federais a partir de 2011 levou a um agravamento da situação das rodovias.

Para dotar o país de uma infraestrutura rodoviária adequada à demanda nacional, são necessários investimentos da ordem de 293,8 bilhões, segundo o Plano CNT de Transporte e Logística.

Apenas para manutenção, restauração e reconstrução dos 82.959 km onde a Pesquisa CNT de Rodovias 2017 encontrou trechos desgastados, trincas em malha, remendos, afundamentos, ondulações, buracos ou pavimentos totalmente destruídos são necessários R$ 51,5 bilhões.

A 21ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias foi realizada em 30 dias, por 24 equipes de pesquisadores, com cinco equipes de checagem. Além da avaliação do estado geral, do pavimento, da sinalização e da geometria da via, a pesquisa traz informações sobre infraestruturas de apoio, como postos policiais, postos de abastecimento, borracharias, concessionárias e oficinas de caminhões ou ônibus, restaurantes e lanchonetes.

(Diário do Pará)

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