Está preso à disposição da justiça, sob acusação de espancamento da esposa, o médico Vinícius Rodrigues Melo Ávila. Ele foi preso na tarde desta segunda-feira (29) quando foi interceptado pela polícia na PA-160, antes que chegasse a Canaã dos Carajás, município distante 66 quilômetros de Parauapebas.

De acordo a delegada Ana Caroline, Vinícius Rodrigues espancou a companheira de forma cruel, deixando-a bastante ferida. “Estava retornando da cidade de Marabá (PA), quando por volta das 8 horas da manhã meu telefone tocou informando que tinha uma vítima presa dentro de um carro sendo espancada pelo companheiro. Pedi que entrasse em contato com a Polícia Militar para que os PMs fossem até o local e apresentasse o agressor na Delegacia de Parauapebas. A vítima estaria muito machucada e, como não conseguimos contato com a PM, imediatamente pedi que minha equipe fosse até o local e efetuasse a prisão do agressor. No local, realmente foi constatado que a vítima estava bastante machucada, porém, ela e a testemunha relataram que o agressor teria fugido do local e estaria rodando pela cidade com uma arma longa, transtornado, totalmente enciumado e, fora de si”, enfatizou a delegada.

A delegada continuou a entrevista. “Pedimos que as câmeras do CCO ficassem em alerta e nos informasse onde ele poderia estar, a PM com sua eficiência o abordou e efetuou a prisão em flagrante na PA-160, bem próximo a Canaã dos Carajás. Não foi encontrado armas com ele, disse que teria deixado em casa. Retornamos com o preso para que déssemos continuidade nos procedimentos. Ele foi autuado pelo crime de lesão corporal e a vítima estava visivelmente machucada, muito abalada, muito amedrontada, inclusive, temos fotos das lesões dela. Relatou que começou a agredi-la 22 horas da noite do dia anterior, rodou com ela a cidade inteira, levou ela lá pro City Park, fez muita tortura psicológica nela, ameaçou a vítima com a arma, depois fez ela ir na casa de uma amiga para justificar a veracidade de uma história da vítima. Ele tocou o interfone da casa dessa amiga e não deixou a vítima sair do carro. Quando a amiga viu que a vítima estava machucada, levou-a para dentro de casa, a acolheu e começou a acionar as forças policiais”.

Vinicius é bastante conhecido na cidade, onde desempenha a medicina em vários hospitais da Capital do Minério. Segundo informações colhidas pela reportagem, o médico continua preso e vai responder pelo crime de tortura psicológica, lesão corporal e ameaça em ambiente doméstico e familiar.

O QUE O MÉDICO DISSE EM DEPOIMENTO

De acordo a delegada, ele confessou que possuí armas, mas negou que estivesse com arma no local da confusão. “Ele afirma que rodou com a vítima pela cidade, mas só queria que ela confirmasse a veracidade de uma história. Ressaltou que era um homem trabalhador, inclusive atuando na linha de frente contra o Covid-19”.

“Não deslegitimo a importância do trabalho dele perante a o sociedade. Mas nada do que ele representa a sociedade justifica os atos dele com a esposa, nada justifica uma agressão, nada justifica uma tortura psicológica, nada justifica uma ameaça. Jamais podemos ameaçar qualquer pessoa com arma, isso prova que essa pessoa não tem a menor condição de ter uma arma em casa. Essas armas, que em tese seriam pra proteger o cidadão de bem, muitas vezes servem para ameaçar nossas vítimas no ambiente doméstico e familiar”.

O COMPORTAMENTO DA ESPOSA APÓS A PRISÃO DO MARIDO

Sobre tal situação, a delegada ressaltou que o comportamento da esposa do acusado não é incomum. “Não incomum, após essas fases de agressão, onde elas rompem com o silêncio e pedem ajuda para a polícia, geralmente elas não têm amparo da família, não têm amparo da nossa sociedade que é extremamente machista e patriarcal, não têm amparo nem das amigas. A vítima se sente completamente desamparada e, provavelmente, deve estar sofrendo uma pressão psicológica muito grande pois até eu estou sofrendo essa pressão. Se fosse um agressor pobre não teria problema ser preso, mas como é um agressor rico, um agressor médico, as pessoas tendem a valorizar mais a posição social do que o ato que ele cometeu. Uma violência doméstica pode causar para a mulher e para os filhos traumas irreversíveis. Provavelmente sofreu muita pressão externa e quer se culpar de ter sofrido a agressão, coitada. Eu sempre falo as minhas vítimas, nunca deixe que o seu companheiro faça você pensar que é a culpada por ser agredida, a conduta parte do agressor e é responsabilidade dele. Como médico, ele pode ser excelente na capacidade e comprometimento, mas como marido, falhou para a esposa e sociedade. A partir do momento que ele agride a esposa deixa de ser um problema dele e passa ser um problema social. Estou aqui para fazer meu trabalho!”, concluiu a autoridade.

 

O QUE DISSE A ESPOSA APÓS O REGISTRO DA OCORRÊNCIA

A esposa da vítima, que preferiu não gravar entrevista ao repórter Ronaldo Modesto, o “Vela Preta”, informou que foi ela que começou as agressões contra o médico.

Para a Rádio Árara Azul, a mulher relatou, também em off, que não houve nenhuma agressão por parte do médico e que ele não é esse tipo de pessoa. Também informou que a amiga Ana Paula se confundiu ao observar que ela estava sendo agredida e ligou para a polícia. Nada disso teria acontecido e que o médico é uma pessoa idônea na cidade.

A mulher ainda enfatizou que uma vizinha teria ouvido uma discussão do casal e acionou a polícia, erroneamente.

ATENÇÃO: Matéria foi atualizada às 14:47

 

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