Quase 40% das residências paraenses são chefiadas por mulheres. Segundo um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/Pa), intitulado “A Mulher no Mercado de Trabalho”, o Estado possui 2,1 milhões de domicílios e, destes, 930 mil são sustentados por elas. Em toda a Região Norte, são 5 milhões de moradias e, dessas, 2 milhões também tem a presença feminina com maior força.

O estudo apresentado pelo Dieese também faz parte do projeto do Observatório do Trabalho do Estado do Pará, feito em parceria com o Governo do Estado. Pelos mesmos números, o Pará apresenta o maior número de mulheres chefes de domicílio da Região, que na maioria das vezes exercem dupla função. O Amapá é o que tem o menor quantitativo, com 200 mil casas chefiadas por mulheres.

E essa tendência não para de crescer. Para se ter uma ideia, em 2016, o Estado tinha 871 mil presenças das mulheres com mais força em casa. No ano seguinte, esse número já saltou para 926 mil. Um crescimento impressionante de 6,35%. A análise atual do departamento é feita com dados de 2017.

RENDA

O órgão também analisou a renda das mulheres ocupadas e considera a situação ainda preocupante, pois mesmo com maior preparo da mão de obra, através do avanço na escolaridade e capacitação, as mulheres ainda ganham menos que os homens.

Das cerca de 1,3 milhão de mulheres ocupadas em todo o Pará em 2017, aproximadamente 22,5% ganhavam até meio salário mínimo e cerca de 32,4% ganhavam entre meio e um salário mínimo. Isto quer dizer que 54,9% (747.356) das mulheres ocupadas de todo o Estado ganhavam, em 2017, até um salário mensalmente.

 

 

Floriculturas se preparam para um dia movimentado

As homenagens voltadas à comemoração do Dia Internacional da Mulher nesta sexta, 8 de março, devem movimentar principalmente as floriculturas da capital paraense. Algumas inclusive já pediram reforço no estoque e devem esticar o horário de funcionamento até à noite. A mesma expectativa não é compartilhada entre os restaurantes e bares de Belém, que confirmam alguma movimentação extra para a data.

Gerente de vendas de uma floricultura tradicional localizada no bairro do Marco, Davison Yamanaka, antecipa ter pedido o dobro de quantidade de rosas vermelhas que a loja costuma disponibilizar rotineiramente. “É o que mais sai nesse dia, seja avulso, em buquês ou arranjos. É muito comum que empresas peçam dezenas de rosas para homenagear funcionárias”, conta. Ele diz ainda que se trata de uma demanda de duração de um dia, sem nenhum tipo de encomenda prévia, sendo possível gastar entre R$ 9 (unidade da rosa) e R$ 250 (arranjos e buquês).

O atendimento também vai precisar ser reforçado, e a loja deve abrir mais cedo e fechar mais tarde nesta sexta. É das melhores datas do ano para o ramo, superando o Dia dos Namorados ou das Mães, segundo o gerente, quando as vendas chegam a subir entre 10% e 20% em um único expediente.

Dona de uma rede de restaurantes que oferecem almoço e jantar, a empresária Wania Martins conta que, no ramo em que ela atua, a realidade é completamente diferente. “É algo realmente singelo, a gente vê mulheres almoçando juntas no intervalo do trabalho, porque não podem voltar para casa, e aproveitando para comemorar a data, mas nada além disso”, reconhece. “Não dá nem para comparar com Dia das Mães ou Dia dos Namorados”, por exemplo.

PREÇOS: FLORES

Segundo o Dieese, as flores estão mais caras que o ano passado. Só o preço das rosas cresceram até 9%. E os preços variam dependendo do tipo de flor, do arranjo, da quantidade (unidade, Buquê, Cestas) e do local de compra.

A unidade da Rosa, por exemplo, esta mais cara em 8,33% em relação ao Dia da Mulher do ano passado e está sendo comercializada em média a R$ 9,75, a unidade. Ainda segundo o órgão, o buquê com 6 Rosas esta custando em média R$ 93,75 e os preços variam entre R$ 75 a R$ 100 dependendo do arranjo e do local de venda.

Já as Cestas de Flores, cada vez mais bonitas e sofisticadas, têm preços variados dependendo do padrão, do tamanho, da quantidade de Flores e do local de venda, estão sendo comercializadas com preços que podem chegar a R$ 300. (por Carol Menezes/Diário do Pará)

Pará teve aumento de casos de violência em 2018

No dia que deveria ser de homenagens para elas, os números da violência contra a mulher no Brasil ainda chocam. Dados do Datafolha revelam que 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento no Brasil. E 22 milhões (37,1%) de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Entre os casos de violência, 42% ocorreram no ambiente doméstico. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), o Pará registrou, no ano passado, 54 casos de feminicídio, contra 29 em 2017, um aumento de 25 casos de um ano para outro.

Natasha Vasconcelos, advogada e presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PA ressalta que a violência contra a mulher no espaço doméstico existe desde as primeiras noções do que é público e do que é privado. Ela explica que durante muitos anos acreditou-se que em briga de marido e mulher não se mete a colher. “Essa máxima naturalizou a violência doméstica como um aspecto de construção social, por conta disso é tão complexo enfrentar esses dados e a realidade”.

Desde 2006 com o advento da Lei Maria da Penha e em 2015 com a Lei do Feminicídio, a violência contra mulher começa a ser pautada como uma questão pública, como uma violação de Direitos Humanos. “É o que chamamos na teoria feminista de politização do privado. Desnaturalizar isso na sociedade depende de políticas públicas voltadas para processos de conscientização e depende de profissionais da justiça agirem numa perspectiva de gênero”, detalha

A advogada Juliana Fonteles, que preside a Comissão de Direitos Humanos da OAB lembra que Ananindeua possui um dos índices mais altos de violência doméstica no Pará. Para ela a rede de proteção em defesa da mulher precisa ser fortalecida. “Isso deve ocorrer por meio da OAB, Ministério Público e Tribunal de Justiça, das varas de violência doméstica e da Polícia Civil, bem como os diversos movimentos sociais de mulheres incluindo movimento de mulheres feministas e movimento de mulheres negras”.

Luanna Thomaz, professora universitária e coordenadora da Clínica de Atenção à Violência, lembra que a Lei Maria da Penha veio criar uma série de ações para prevenir e proteger a mulher contra a violência doméstica. Ela destaca as diferenças entre combate (mais focado na punição) e enfrentamento (focado na prevenção, assistência e responsabilização) da violência contra a mulher. “Desde a Lei muita coisa avançou, mas o nosso grande desafio é a estruturação das políticas públicas, no aumento dos serviços e nas ações de prevenção sobretudo nos interiores dos Estados, onde em muitos locais não há sequer promotoria, delegacia ou sequer vara especializada”.

 

 

 

 

Fonte – (Diário do Pará)

Fotos: Marcelo Lelis e Maycon Nunes

 

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